sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Lançamento do livro: Dossiê Itamaracá

Livro Dossiê Itamaracá, vencedor da 2ª ed. do Prêmio Memórias Reveladas do Arquivo Nacional, será lançado em Recife no dia 24 de novembro

Jogar luz para investigar as histórias de clandestinidade, prisão e resistência, mobilização e solidariedade, greves de fome e luta por liberdade de um casal de sergipanos, de um coletivo de presos políticos na ilha de Itamaracá, em Pernambuco, de mulheres nordestinas, de jovens brasileiros durante a ditadura na década de 70.

Esses são os temas revelados pelo livro Dossiê Itamaracá, da jornalista e historiadora sergipana Joana Côrtes, que será lançado em Recife no dia 24 de novembro (terça-feira), na Livraria Cultura do Paço Alfândega. Fruto da dissertação de mestrado em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a pesquisa ganhou a 2ª edição do Prêmio Memórias Reveladas do Arquivo Nacional.

A partir da pesquisa em acervos, sobretudo nos arquivos pessoais de ex-presos políticos e do DOPS de Pernambuco,  a autora percorreu meticulosamente fotografias, diários de greves de fome, correspondências, jornais da época, atrás de indícios, anotações, carimbos e  silêncios – igualmente provocadores de sentido – para compreender como um coletivo de presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, na ilha de Itamaracá, em Pernambuco, resistiu e atuou, entre 1973 e 1979, para integrar e fortalecer os movimentos pela anistia no período de luta pela abertura política e fim dos 21 anos de ditadura civil-militar (1964-1985) no país.

Presos políticos em Itamaracá, anos 70.
 De pé: a partir da esquerda:
 Arlindo Felipe, Francisco de Assis Barreto Filho, Francisco Peixoto,
Alanyr Cardoso, Antonio Ricardo Braz, José Calixtrato Cardoso,
 Alberto Vinícius Nascimento e José Adeildo Ramos.
Agachados:
Samuel Firmino, Marcelo Mario de Melo, João Bosco Rolemberg Cortes,
Rholine Sonde, José Pedro da Silva, Valmir Costa e Carlos Alberto Soares
[fonte: http://acervohistorico.emilianojose.com.br]
Dossiê é, sobretudo, um livro sobre incomôdos, silêncios e "refazimentos" afetivos e históricos. É reencontro com a memória pessoal da própria autora, que sempre soube muito pouco sobre os anos em que seus pais, os sergipanos Bosco Rolemberg e Ana Côrtes, viveram clandestinos como militantes da Ação Popular e como presos políticos em Pernambuco, na década de 1970.

No ano em que o Brasil completa trinta anos que saiu de uma ditadura civil-militar de 21 anos (1964-1985), e há menos de um ano que divulgou o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, com as apurações das violações de direitos humanos ocorridas no período dos anos de chumbo, Dossiê Itamaracá faz parte dessa safra de pesquisas  semeadas e colhidas nos últimos cinco anos, na discussão e busca por Memória, Verdade e Justiça.

Dossiê Itamaracá

Através de um vasto acervo de cartas e fotografias, pertencente a ex-presos políticos, entrevistas, diários de greve de fome e cerca de mil páginas dos relatórios de vistorias de visita do Dops-PE, atualmente salvaguardadas no Arquivo Público Estadual de Pernambuco, Dossiê Itamaracá se aprofunda no cotidiano e nos mecanismos de resistências dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, entre 1973 e 1979. O livro estuda o período que compreende o início do funcionamento da prisão na ilha de Itamaracá, após a desativação da Casa de Detenção do Recife, até 1979, ano da "Anistia".

Dossiê traz como jovens, a maioria entre 20 e 30 anos, que ficaram até dez anos na prisão, provenientes de diversas organizações de esquerda como Ação Libertadora Nacional (ALN), Ação Popular, VAR-Palmares, Ligas Camponeses, PCBR e PCdoB sobreviveram ao período de clandestinidade e  escaparam da morte após as torturas nos porões das Forças Armadas e se refizeram e se organizaram para resistir e lutar pela liberdade nas celas do Nordeste do país.

É Itamaracá que puxa a primeira greve de fome nacional no Brasil, entre 17 de abril e 9 maio de 1978. Juntos por um objetivo específico - a quebra do isolamento carcerário de dois presos políticos, Carlos Alberto Soares e Rholine Sonde Cavalcanti - Pernambuco vai receber adesões da maioria das mulheres e homens presos políticos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará e Minas Gerais.

A partir daí, a repressão aperta, a mobilização ultrapassa as celas pelas mãos das mulheres mães e companheiras dos presos políticos,  a solidariedade se amplia e presos políticos, familiares, exilados e organizações da sociedade civil - como OAB, parlamentares de oposição setores progressistas da Igreja e o recém-criado Comitê Brasileiro de Anistia -, saem mais articulados e fortalecidos na luta por Anistia Ampla Geral e Irrestrita.

Dossiê é, sobretudo, um livro sobre incomôdos, silêncios e "refazimentos" afetivos e históricos. É reencontro com a memória pessoal da própria autora, que sempre soube muito pouco sobre os anos em que seus pais, os sergipanos Bosco Rolemberg e Ana Côrtes, viveram clandestinos como militantes da Ação Popular e como presos políticos em Pernambuco, na década de 1970.

Por trauma ou por direito, pouco disseram sobre o dilaceramento e as perdas, a dor e as torturas, o cotidiano da clandestinidade e da prisão, o aprendizado e o amadurecimento pessoal e político desse período, e o quanto foi, ainda é tão difícil quanto importante se colocarem sobre as próprias pernas após a reabertura política do país, a partir de 1985.

Dossiê Itamaracá é, portanto e também, reencontro com a história coletiva, com o passado e o presente de um país que, como tantos outros da América Latina, vive ainda, cinquenta anos depois do golpe civil-militar, sob os efeitos da violência herdada dos 21 anos de ditadura.

Depois de ter sido lançado no Rio de Janeiro e em São Paulo, Dossiê aporta em Aracaju e segue para o Recife, onde será lançado dia 24 de novembro na livraria Cultura do Paço da Alfândega.

Sobre a autora

Joana Côrtes (1980) é jornalista e historiadora. Nasceu e cresceu em Aracaju (SE) e é filha dos ex-presos políticos Ana Côrtes e Bosco Rolemberg.  Foi curadora da exposição coletiva Anistiados: couro esquecido, em 2009, realizada na Galeria Álvaro Santos, em Aracaju.

Graduou-se em jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e trabalhou como repórter nas redações de jornais sergipanos.  É especialista em arte-educação pela Universidade de são Paulo (USP) e mestra em História Social pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), com a dissertação que rendeu o prêmio da segunda edição do Memórias Reveladas. Desde 2013, é jornalista da TV Brasil, na Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em São Paulo, onde vive desde 2009.


Sobre o Prêmio Memórias Reveladas

O Prêmio é concedido a cada dois anos a trabalhos monográficos feitos com base nas fontes documentais referentes ao regime civil-militar no Brasil. Iniciativa do Arquivo Nacional no âmbito do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil - Memórias Reveladas, instituído pela Casa Civil da Presidência da República, em 2009, como resultado de diversas ações de governo voltadas para o fortalecimento de políticas públicas de valorização do patrimônio histórico documental e de aperfeiçoamento da cidadania e da democracia em nosso país.

SERVIÇO

Lançamento+bate-papo com a autora: Dossiê Itamaracá
Data: 24/11/2015
Horário: 19h
Local: Livraria Cultura Paço da Alfândega
Rua Madre de Deus, s/n. Recife Antigo.
Contato Imprensa:  11 9888519 (Joana Côrtes)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Convocatória para o 3º Encontro de Comitês e Comissões do Movimento Memória, Verdade, e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil

CONVITE

A Comissão Executiva formada pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e Comitê Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte, por meio desta convocatória, formaliza o convite para o 3º Encontro dos Comitês e Comissões do Movimento Memória, Verdade e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil, a ser realizado nos próximos dias 21 e 22 de novembro, em João Pessoa, capital da Paraíba.

Buscando dar continuidade de forma coerente às resoluções do 1º e 2º Encontros, realizados em 2013 e 2014, em João Pessoa e Recife, respectivamente, convocamos sua terceira edição.

“Um dos maiores atos de resistência da humanidade é o resgate, a valorização e a preservação da memória individual e coletiva sobre a qual se assentam os elementos fundamentais e necessários à construção de uma sociedade que tenha a verdade como instrumento basilar para se constituir justa, buscando a igualdade como valor universal entre os semelhantes.” (Carta do Recife, 2014)

Assim, entendemos que o 3º Encontro do Norte e Nordeste deve ser um espaço privilegiado para trocarmos experiências e discuti-las fraternalmente, com o objetivo de fortalecer o nosso trabalho de enfrentamento das demandas e lutas estaduais, regionais e nacionais, em função das graves implicações da conjuntura nacional nas situações e contradições locais. É também um fórum especial em que os sobreviventes da resistência ao golpe de 1964 e ao fascismo, em conjunto com os que seguem mantendo nossas bandeiras erguidas, ajudarão a reconstruir a memória histórica dos combates de classes do nosso povo por sua emancipação da secular exploração e opressão e reverenciar os verdadeiros heróis caídos em combates, muitos sob indescritíveis torturas, outros exilados, todos merecedores das homenagens que nossos Comitês e Comissões lhes prestam nestas ocasiões, como fizemos no 1º Encontro, com João Pedro Teixeira, Manoel Lisboa e Carlos Marighella; e no 2º Encontro, dedicado ao camarada Abelardo da Hora e novamente a Carlos Marighella.

Djalma Maranhão
Francisco Julião
Este é o ano do centenário de Djalma Maranhão e de Francisco Julião, dois expoentes nordestinos das lutas sociais e pelo fim da ditadura militar fascista, que, juntamente com Raimundo Ferreira Lima, o Gringo (PCdoB), e Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto (ALN), lideranças revolucionárias do Norte, serão nossos homenageados.

Há quase um ano, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou seu relatório final, que trouxe 29 recomendações, identificou e reconheceu como torturadores mais de trezentos agentes do Estado – incluindo os cinco generais ditadores –, trouxe também o indicativo de responsabilização criminal dos responsáveis pelas graves violações dos direitos humanos em 21 anos de ditadura a partir da reinterpretação da Lei da Anistia de 1979, como também a desmilitarização das polícias militares.

Raimundo Ferreira Lima
(Gringo)
Thomaz Antônio da Silva
Meirelles Neto
A ausência do cumprimento dessas recomendações exige da sociedade civil, dos familiares de mortos e desaparecidos políticos, dos Comitês, Comissões, militantes e dos partidos políticos comprometidos com as causas libertárias que assumam o legado deixado pela CNV e aprofundem a luta pela construção da verdadeira justiça de transição no Brasil.

Inclusive, muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas neste relatório. Pesquisas feitas por jornalistas e historiadores (não aproveitadas no relatório da CNV e recentemente divulgadas) dão conta de que toneladas de arquivos secretos do regime continuam intactas e escondidas sob a guarda dos militares. Também a CNV apontou para o massacre dos povos indígenas na região amazônica e de militantes de base do movimento camponês, elevando, assim, o número de brasileiros mortos pela ditadura para milhares ao invés centenas, muitos dos quais sem qualquer documento ou identificação, a não ser o testemunho dos seus próprios familiares.

É tarefa do Movimento Memória, Verdade e Justiça pautar estas questões, não dando trégua e cobrando a punição dos culpados para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça. Este é o compromisso que assumimos com a realização do 3º Encontro das Regiões Norte e Nordeste.

Realização:
Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça
Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco
Comitê Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte

Apoio:
Comissão Estadual da Verdade da Paraíba
Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa
Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB
Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano da Paraíba


Programação do 3º Encontro dos Comitês e Comissões do Movimento Memória, Verdade e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil

21 e 22 de novembro – João Pessoa – PB


•    21 de novembro de 2015:

08h00 às 09h00 – Credenciamento dos participantes.

09h00 às 10h00 – Mesa de abertura sob a coordenação do CMVJ-PB, com a participação de um representante de cada Comissão e Comitê presente, além de esclarecimentos e encaminhamentos sobre o desenvolvimento do encontro.

10h00 às 12h00 – Debate: “Desafios da luta pela Memória, Verdade e Justiça no Brasil após o Relatório da CNV” (o que fazer para pôr em prática as recomendações), por Adriano Diogo, ex-preso político, ex-presidente da Comissão da Verdade Rubens Paiva de São Paulo e ex-deputado estadual de São Paulo (PT); e “Os processos de memorialização da ditadura no Brasil hoje”, por Ana Paula Brito, doutoranda na PUC-SP e integrante do Núcleo de Preservação da Memória Política de São Paulo.

12h00 às 14h00 – Almoço.

14h às 18h00 – Informes e debates sobre as experiências e lutas dos Comitês e Comissões presentes, mais apresentação de temas específicos, como: 1. Questão do campo na Paraíba e Pernambuco: 60 anos das Ligas Camponesas (CMVJ-PB e CMVJ-PE); 2. Gestão de Djalma Maranhão em Natal: “De pé no chão também se aprende a ler” (CMVJ-RN); 3. Genocídio indígena na região amazônica pela ditadura militar fascista, lançamento do livro pelo seu autor e membro do CMVJ-AM, Egydio Shwade (CMVJ-AM); 4. A questão da impunidade do Araguaia (CMVJ e Comissão da Verdade do Pará); 5. Demais experiências de lutas presentes.

18h00 às 19h30 – Jantar.

19h30 às 20h00 – Lançamentos de livros.

20h00 às 22h00 – Exibição do filme “Carlos Marighella – Quem samba fica, quem não samba vai embora”, com presença do diretor Carlos Pronzato, seguida de debate.


•    22 de novembro de 2015:

07h00 às 08h30 – Café da manhã.

09h00 às 10h30 – Homenagens (breve apresentação da história dos homenageados): centenário de Francisco Julião, dirigente nacional das Ligas Camponesas; centenário de Djalma Maranhão, prefeito cassado de Natal pelo golpe de 1964; Raimundo Ferreira Lima, o Gringo (PCdoB), líder camponês em Conceição do Araguaia (Pará) e assassinado há 35 anos; Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, amazonense, dirigente da ALN assassinado sob tortura pela ditadura.

11h00 às 13h00 – Apresentação, debates e aprovação das propostas e da Carta de João Pessoa; escolha da sede e da data do 4º Encontro.

13h00 – Almoço e confraternização final.


domingo, 1 de novembro de 2015

Convocatória para o 3º Encontro de Comitês e Comissões do Movimento Memória, Verdade, e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil

 CONVITE

A Comissão Executiva formada pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e Comitê Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte, por meio desta convocatória, formaliza o convite para o 3º Encontro dos Comitês e Comissões do Movimento Memória, Verdade e Justiça do Norte e Nordeste do Brasil, a ser realizado nos próximos dias 21 e 22 de novembro, em João Pessoa, capital da Paraíba.

Buscando dar continuidade de forma coerente às resoluções do 1º e 2º Encontros, realizados em 2013 e 2014, em João Pessoa e Recife, respectivamente, convocamos sua terceira edição.

Um dos maiores atos de resistência da humanidade é o resgate, a valorização e a preservação da memória individual e coletiva sobre a qual se assentam os elementos fundamentais e necessários à construção de uma sociedade que tenha a verdade como instrumento basilar para se constituir justa, buscando a igualdade como valor universal entre os semelhantes.” (Carta do Recife, 2014)

Assim, entendemos que o 3º Encontro do Norte e Nordeste deve ser um espaço privilegiado para trocarmos experiências e discuti-las fraternalmente, com o objetivo de fortalecer o nosso trabalho de enfrentamento das demandas e lutas estaduais, regionais e nacionais, em função das graves implicações da conjuntura nacional nas situações e contradições locais. É também um fórum especial em que os sobreviventes da resistência ao golpe de 1964 e ao fascismo, em conjunto com os que seguem mantendo nossas bandeiras erguidas, ajudarão a reconstruir a memória histórica dos combates de classes do nosso povo por sua emancipação da secular exploração e opressão e reverenciar os verdadeiros heróis caídos em combates, muitos sob indescritíveis torturas, outros exilados, todos merecedores das homenagens que nossos Comitês e Comissões lhes prestam nestas ocasiões, como fizemos no 1º Encontro, com João Pedro Teixeira, Manoel Lisboa e Carlos Marighella; e no 2º Encontro, dedicado ao camarada Abelardo da Hora e novamente a Carlos Marighella.

Este é o ano do centenário de Djalma Maranhão e de Francisco Julião, dois expoentes nordestinos das lutas sociais e pelo fim da ditadura militar fascista, que, juntamente com Raimundo Ferreira Lima, o Gringo (PCdoB), e Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto (ALN), lideranças revolucionárias do Norte, serão nossos homenageados.

Há quase um ano, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou seu relatório final, que trouxe 29 recomendações, identificou e reconheceu como torturadores mais de trezentos agentes do Estado – incluindo os cinco generais ditadores –, trouxe também o indicativo de responsabilização criminal dos responsáveis pelas graves violações dos direitos humanos em 21 anos de ditadura a partir da reinterpretação da Lei da Anistia de 1979, como também a desmilitarização das polícias militares.

A ausência do cumprimento dessas recomendações exige da sociedade civil, dos familiares de mortos e desaparecidos políticos, dos Comitês, Comissões, militantes e dos partidos políticos comprometidos com as causas libertárias que assumam o legado deixado pela CNV e aprofundem a luta pela construção da verdadeira justiça de transição no Brasil.

Inclusive, muitas lacunas ainda precisam ser preenchidas neste relatório. Pesquisas feitas por jornalistas e historiadores (não aproveitadas no relatório da CNV e recentemente divulgadas) dão conta de que toneladas de arquivos secretos do regime continuam intactas e escondidas sob a guarda dos militares. Também a CNV apontou para o massacre dos povos indígenas na região amazônica e de militantes de base do movimento camponês, elevando, assim, o número de brasileiros mortos pela ditadura para milhares ao invés centenas, muitos dos quais sem qualquer documento ou identificação, a não ser o testemunho dos seus próprios familiares.

É tarefa do Movimento Memória, Verdade e Justiça pautar estas questões, não dando trégua e cobrando a punição dos culpados para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça. Este é o compromisso que assumimos com a realização do 3º Encontro das Regiões Norte e Nordeste.

Realização:

Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça

Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco

Comitê Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte

Apoio:

Comissão Estadual da Verdade da Paraíba

Comissão Municipal da Verdade de João Pessoa

Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB

Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano da Paraíba