Foi um grandioso tributo! O palco,
histórico, não poderia ser mais simbólico. De onde Castro Alves lançou
brados de poesia pela liberdade, em 1865, esta mesma liberdade voltou à
cena sob o nome de Manoel Lisboa de Moura neste 7 de maio de 2016.
O Teatro de Santa Isabel, no Recife,
viveu uma noite especial. Os mais de 500 espectadores que o lotaram e as
belíssimas apresentações renderam uma grande homenagem (seguramente, a
maior já realizada no Nordeste) a um militante revolucionário herói da
luta contra a Ditadura Militar no Brasil.
O “Concerto para Manoel Lisboa – Pela
Memória, Verdade e Justiça” marcou também o início das comemorações dos
50 anos do Partido Comunista Revolucionário (PCR), fundado em 1966 por
iniciativa de Manoel, Amaro Luiz de Carvalho, Valmir Costa, Selma
Bandeira e Ricardo Zarattini.
Organizado pelo Centro Cultural Manoel Lisboa e pelo jornal A Verdade,
o Concerto contou ainda com a parceria da Secretaria de Cultura do
Recife, Superintendência dos Correios e Telégrafos, DCEs da Unicap e da
UFRPE, União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe),
Movimento Tortura Nunca Mais-PE, Comitês Memória, Verdade e Justiça de
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e diversos movimentos sociais
(MLC, MLB, Olga Benario).
José Nivaldo Júnior |
Coube ao escritor e publicitário José Nivaldo Júnior abrir a noite com
um forte e emocionado depoimento de sua convivência com Manoel Lisboa
nos tempos de clandestinidade, em que enfatizou a completa entrega de
seu camarada à luta para derrubar a Ditadura, fortalecer o Partido e
mobilizar o povo para a construção do socialismo, mesmo sofrendo as mais
terríveis torturas nas masmorras do regime em Recife, até sua morte
física no dia 04 de setembro de 1973.
Júnior Aguiar declamou A Internacional |
Seguiram-se então vários momentos, intercalados por poesias
revolucionárias recitadas por jovens militantes.
Foi lançado o selo
comemorativo dos Correios
em homenagem a Manoel Lisboa
Alfredo Lisboa |
No lançamento do selo
comemorativo dos Correios em homenagem a Manoel Lisboa, sua
família foi representada por Alfredo Lisboa (sobrinho de Manoel).
Luiz Falcão, de A Verdade |
Neste
momento, falou Luiz Falcão, do Comitê Central do PCR e diretor de
redação de A Verdade, ressaltando que “o mais importante agora é
que cada um de nós busque seguir o exemplo do camarada Manoel para que,
de fato, possamos viver num País justo, livre da exploração
capitalista”.
Banda Guazapa |
A programação seguiu com o Coral dos Correios, cantando clássicos do
cancioneiro político nacional de Chico Buarque e João Bosco, entre
outros; com a Banda Guazapa, cantando músicas latino-americanas, como Te recuerdo Amanda, de Victor Jara, que fala do amor proletário desta com Manuel.
Hilda Torres, acompanhada por Márcio |
O ápice do evento ficou por conta da apresentação da atriz Hilda Torres,
com seu monólogo para Soledad Barret, militante também assassinada pela
Ditadura, que ao final, transformou-se num grito pela justiça e pela
liberdade, levantando toda a plateia em aplausos e gritos.
Apresentaram-se ainda o grupo estudantil da Escola Técnica Professor
Agamenon Magalhães (Etepam), que desenvolvem o projeto “Adote uma
Memória”, encenando e cantando, inclusive, a música Hasta Siempre Comandante, de Carlos Puebla para Che Guevara.
Edival Cajá, do CCML |
Para acrescentar neste inesquecível ato
político-cultural, Edival Nunes Cajá, do Comitê Central do PCR e
presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, subiu ao palco para
reafirmar que o último pedido de Manoel Lisboa, para que os militantes
do PCR prosseguissem com o trabalho do Partido, está sendo cumprido
fielmente nos quatros cantos do Brasil. “Uma das maiores provas disso é
que temos aqui neste ato representações do Rio Grande do Sul ao
Amazonas, uma grande bancada de companheiros e companheiras do MLB, que
organiza o povo pobre deste País para lutar por seus direitos,
sindicalistas e jovens, homens e mulheres cujo sonho é viver num mundo
novo, socialista”.
Um coral de militantes, regido pelo maestro Geraldo Menucci, autor do Hino das Ligas Camponesas, finalizou a noite com A Internacional,
hino do proletariado mundial, acompanhado de pé por toda a plateia. Na
saída do teatro, ecoavam a palavra de ordem “Se nota, se sente, Manoel
está presente”.
Fonte: Jornal A Verdade
Nenhum comentário :
Postar um comentário