segunda-feira, 27 de abril de 2015

No Maranhão, Escolas com nome de ditadores Mudam de Nome

Foto reprodução Twitter/@FlavioDino
"No Maranhão, mudaram de nome dez escolas com nome de militares que governaram na ditadura instaurada em 1º de abril de 1964.

A decisão, de alcance histórico e exemplar, foi do governador Flávio Dino.
Ele considerou os nomes, apontados no relatório da Comissão Nacional da Verdade, de autores de atos contra a democracia.

Foram rebatizadas seis instituições como o nome do primeiro ditador, Humberto de Alencar Castello Branco.
Duas que homenageavam o seu sucessor, Arthur da Costa e Silva.
E outras duas que reverenciavam Emílio Garrastazu Médici.
Os três foram oficiais do Exército que ocuparam o Planalto sem ter recebido nem um só voto popular.
A escolha dos novos nomes das escolas, ao contrário, teve a participação das comunidades, incluindo os alunos.
Na ditadura, imposição.
Na democracia, a soberania do voto.
A lista lá no alto mostra quem rebatizou quem, em nove municípios.
Dois centros de ensino Médici viraram Paulo Freire, o educador preso e perseguido pela ditadura.
Um Castello Branco passou a ser Vinicius de Moraes, o poeta e compositor contra quem, na condição de diplomata, a ditadura aprontou no Itamaraty.

Saem de cena personagens em cujos governos cidadãos brasileiros foram mortos no horror da tortura.
E entra quem escreveu versos como:

“E de te amar assim, muito e amiúde
 É que um dia em teu corpo de repente
 Hei de morrer de amar mais do que pude''.

A decisão de Flávio Dino deveria inspirar todos os governantes que dizem rejeitar o entulho autoritário da ditadura, mas permitem que crianças e jovens frequentem estabelecimentos que celebram tiranos.
Nem tudo está perdido."

XVIII Encontro/Assembleia do Movimento Nacional de Direitos Humanos

Carta de Mobilização para o XVIII Encontro/Assembleia do MNDH

Carta Circular Nº 01/MNDH/2015
 
Brasília, 03 de fevereiro de 2015.
 Companheiros e Companheiras das Entidades filiadas ao MNDH
O Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH realizará o seu XVIII ENCONTRO/ASSEMBLEIA NACIONAL DO MNDH, no período de 25 a 28 de junho de 2015 e terá como tema “PARTICIPAÇÃO SOCIAL E REFORMA POLÍTICA PARA A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS”.
Poderão participar do XVIII ENCONTRO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS os membros das entidades filiadas ao MNDH, delegados eleitos nas Assembleias Estaduais e/ou Assembleias Regionais, observadores e convidados.  O Encontro será aberto ao público onde será criado um espaço para troca de experiências, apresentações culturais e debates. Dessa forma o Encontro estará contribuindo para a construção de um espaço interinstitucional e interdisciplinar de análise e debate os Direitos Humanos possibilitando a participação plural de diversos atores sociais.
A Assembleia Nacional é a instância máxima de deliberação sobre questões gerais do MNDH e a ela caberá, entre outros, deliberar sobre política organizativa, diretrizes e estratégia de ação do MNDH, eleger a Coordenação Nacional e empossar os membros do Conselho Nacional.
A XVIII ASSEMBLEIA NACIONAL DO MNDH será formada por um (a) delegado (a) de cada entidade filiada ao MNDH que tenha participado das Assembleias Estaduais e/ou Regionais e que sua entidade de origem esteja adimplente com a anuidade, pelos membros da Coordenação Nacional e do Conselho Nacional, todos com direito a voz e voto.
A anuidade cobrada de todas as organizações, como de costume, refere-se ao período de 2013 a 2015. O pagamento das anuidades poderá ser parcelado em até 04 vezes, desde que a última parcela seja paga até 31 de maio de 2015. O valor a ser cobrado será de R$ 50,00 (cinquenta reais) anual perfazendo um total de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) reais por entidade conforme o especificado no quadro abaixo.
2013
2014
2015
Total
R$ 50,00
R$ 50,00
R$ 50,00
R$ 150,00
Na XVIII Assembleia do MNDH será realizada a eleição da nova Coordenação do MNDH para os cargos de Coordenador Geral, Coordenador de Formação, Coordenador de Organização de Projetos, Coordenador de Relações Internacionais, Coordenador de Cooperação e parcerias e Coordenador do Conselho nacional para o período de junho de 2015 a junho de 2018. As chapas inscritas deverão apresentar uma plataforma de trabalho. Os responsáveis pela comissão eleitoral são Mônica Alkimin (RJ), Renato Souto (AM) e Ana Maria (MG).
Notificamos que as Assembleias Estaduais e Regionais deverão acontecer no período de 01 de março a 20 de maio, A lista com os delegados habilitados nas devidas assembleias deverá ser encaminhada pelo Articulador Estadual a Coordenação Geral do evento no máximo dia 25 de maio de 2015 no e-mail encontro@mndh.org.br. Tal medida torna-se necessária para que a organização do XVIII Encontro/Assembleia do MNDH possam melhor organizar esse evento.
Considerando as distâncias e as dificuldades de deslocamento os Estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá e Acre poderão realizar suas assembleias em um prazo maior e mais próximo ao evento. No entanto, recomendamos que essas datas sejam informadas à coordenação do evento de forma a facilitar o planejamento da coordenação.
Posteriormente será enviado o número da conta corrente e o banco para que seja efetuado o depósito. O comprovante do depósito deverá ser digitalizado e enviado ao Setor Financeiro, no e-mail financeiro@mndh.org.br dentro do prazo estabelecido de 31 de maio de 2015. O Articulador Estadual será o responsável em repassar as informações necessárias que possibilitem a garantia do pagamento, assim como de encaminhar as informações para a Secretaria Executiva do XVIII Encontro Nacional do MNDH;
Comunicamos que os companheiros e companheiras de Minas Gerais garantiram a hospedagem e alimentação para os participantes, mas o deslocamento a Belo Horizonte e retorno ao Estado de origem ficará a cargo de cada entidade. Portanto, solicitamos que sejam enveredados todos os esforços no sentido de garantir a participação de todas as entidades filiadas ao MNDH ao XVIII Encontro/Assembleia do MNDH.
Informamos ainda que no XVIII Encontro Nacional acontecerá nos dois primeiros dias do evento e são abertos a observadores e a outras pessoas interessadas no tema, mas as despesas deverão ser inteiramente cobertas pelos mesmos.
Noticiamos que posteriormente serão encaminhados os seguintes documentos: Documento Institucional; Regimento Interno da Assembleia; Regimento Interno Eleitoral; texto base; Programação; e, detalhamento das temáticas.
 
INFORMAÇÕES SOBRE O XVIII ENCONTRO/ASSEMBLEIA NACIONAL DO MNDH
Período: 25 a 28 de junho de 2015
Local: Belo Horizonte - MG
Tema: PARTICIPAÇÃO SOCIAL E REFORMA POLÍTICA PARA A GARANTIA DOS DIREITOS HUMANOS
Subtema:
 
Temáticas:
©  Sistema de direitos humanos.
©  Sistema de proteção a pessoas ameaçadas;
©  Taxação das grandes fortunas;
©  Participação social/controle social
©  Educação em direitos humanos;
©  Reforma política.
©  Erradicação da tortura;
©  Erradicação do trabalho escravo;
©  Memória, verdade e justiça;
©  Pelos os direitos das crianças e adolescentes.
©  Taxação das grandes fortunas.
©  Democratização da Comunicação e mídias alternativa;
©  Contra a violência e o extermínio da juventude negra, de mulheres e da população de rua.
 
Apoio: Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Secretaria Estadual de Direitos Humanos;
Comissão de organização vinculada ao MNDH: Gildázio, Rildo, Fabrício, Lurdinha, Raimunda;
Organização interna do evento: entidades filiadas ao MNDH de Minas Gerais.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Lançamento do Comitê Pernambucano de Solidariedade à Venezuela


Presidenta do Mirim Brasil, Sylvia Siqueira Campos,
manifesta sua solidariedade à Venezuela
Ocorreu em Recife, no último dia 16 de abril, o lançamento do Comitê Pernambucano de Solidariedade à Venezuela, na sede do Gajop (Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares). O evento contou com a participação da Consulesa da Venezuela, Carmen Reyes, do presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, Edival Cajá, e do representante do Gajop, Rodrigo Deodato, além de outras representações dos movimentos sociais e partidários que apóiam a causa.

Após o decreto do presidente dos EUA, Barack Obama, que considerou a Venezuela como uma ameaça mundial, várias medidas políticas tem sido tomadas pelos países imperialistas para isolar a Venezuela e criar uma crise no governo. “A ideia é não deixar Maduro governar, não deixar que ele ganhe o mesmo carisma que o Chavez, e à medida que ele ganhou mais apoio da população, passaram a atacá-lo com mais violência (…) Este ano conseguiram nomear a Venezuela como ameaça mundial, porque se ameaça a soberania dos EUA, é uma ameaça mundial” disse a consulesa Carmen, após afirmar que o país está debaixo de um embargo econômico. “Isto faz com que o lançamento desse comitê seja mais que solidariedade. É um pedido urgente para que vocês acompanhem esse processo”, completou.

Após a exposição de Carmen, foi realizada a leitura do Manifesto de Lançamento do Comitê, assinado pelas entidades fundadoras presentes no evento.

Diante de tal infestação da miséria em nome da “liberdade” dos Estados Unidos, resiste bravamente a Revolução Bolivariana desencadeada na Venezuela fomentando a radicalização da participação democrática, imprimindo novos processos de transformação social, construindo o Socialismo do século XXI.

Os desafios postos à Venezuela da atualidade passam pelo combate às guerras: midiática, com seu jogo de falsidades; e econômica, capitaneada por empresários especuladores.

Por fim, foi reafirmado o compromisso da luta internacionalista pela soberania dos povos latino-americanos.

Representante do Mirim Brasil no ato, Anacleto Julião afirma que o objetivo do Comitê Pernambucano em Solidariedade à Venezuela tem por objetivo disseminar informação, fazer público o conhecimento sobre as ações dos Estados Unidos contra a Venezuela, além de recolher assinaturas solicitando ao governo norte-americano a retirada do nome do país sul-americano da lista de países que ameaçam a segurança. “O governo da Venezuela tem tomado medidas populares que o caracteriza como um país realizando um processo de reconhecimento da cidadania da população. E isso tem contrariado interesses econômicos internacionais e, principalmente, relativos à comercialização da produção de petróleo dos EUA, visto que o petróleo vendido pela Venezuela aos pequenos países principalmente do Caribe afeta os lucros de empresas norte-americanas”, afirma Anacleto Julião. Durante a Cúpula das Américas, ocorrida neste mês de abril, o presidente Maduro entregou aos EUA uma lista de 14 milhões de assinaturas.

Contexto – Pautado pelo socialismo, o governo venezuelano resiste em atender aos interesses capitalistas-liberais do governo norte-americano, que tenta manter sua influência política e econômica sobre a América Latina. Os 14 anos da presidência de Hugo Chávez (1999 a 2013) na Venezuela aumentaram a tensão entre as nações. Chávez chegou a sofrer um golpe de estado em 11 de abril de 2002. O então presidente norte-americano Geoge W. Bush logo reconheceu o novo governo, de direita, mas nega ter financiado o golpe. Militares leais ao presidente deposto derrubaram o novo governo e Chávez voltou à presidência. O governo venezuelano afirma que os EUA orquestraram o golpe de estado e que membros do alto comissariado de Bush teriam mantido contato diário com líderes golpistas nas semanas anteriores à tomada do poder pela direita. Entre as décadas de 1960 e 1970 os Estados Unidos financiaram – e já é comprovado – os golpes seguidos por ditaduras militares no Brasil, Bolívia, Argentina, Uruguai e Chile.

Fonte:

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ato Nacional das Comissões Estaduais da Verdade

Convidamos a todos e todas para o ATO NACIONAL DAS COMISSÕES ESTADUAIS DA VERDADE que acontecerá na próxima sexta-feira, dia 17, as 15 horas, na cidade do Rio de Janeiro, no auditório da CAARJ (Av. Marechal Câmara, 210, 6o andar).

As Comissões Estaduais da Verdade farão uma exposição dos seus trabalhos e será divulgada preocupações e propostas das Comissões para o continuidade e necessário aprofundamento das políticas de memória, verdade, justiça e reparação no Brasil.

Acreditamos que este será um momento rico para as entidades, professores e militantes envolvidos nesse tema.

Contamos com a presença e divulgação de todos.




terça-feira, 7 de abril de 2015

Cartas de Esperança - Em tempos de ditadura




A Editora Vozes acaba de lançar o livro Cartas de Esperança em Tempos de Ditadura - Frei Betto e Leonardo Boff Escrevem a Alceu Amoroso Lima, organização, introdução e notas de Leandro Garcia Rodrigues.

O livro reúne 25 cartas inéditas da época que Frei Betto esteve preso na Operação Bandeirante (DOI-CODI) de SP, entre 1969-1974. São cartas importantes para a história recente do Brasil, nestes 51 anos do Golpe Civil-Militar.

As cartas que compõem este epistolário não são apenas "cartas da prisão", são cartas das "catacumbas pós-modernas". 
Mais do que cartas da prisão, são textos que evocam a liberdade, que clamam por este direito tão básico do ser humano. Neste sentido, Alceu Amoroso Lima foi o destinatário de Frei Betto e Leonardo Boff, cujas missivas não apenas denunciavam as torturas e os desmandos do Regime Civil-militar instaurado em 1964, mas também evocavam - e clamavam - por justiça e libertação, valores estes que Alceu defendeu veementemente nas inúmeras crônicas que publicou nos jornais brasileiros daquele momento, utilizando trechos destas mesmas cartas nos seus artigos. 

As cartas que Frei Betto e Leonardo Boff enviaram a Alceu Amoroso Lima já não pertencem mais a este destinatário, são cartas para todos nós – nossas cartas – já que o processo histórico que as mesmas narram é atual e nos faz pensar e (re)pensar a nossa própria vida e uma ânsia própria dos profetas: a busca e a luta pela justiça, dom precioso de Deus.

sábado, 4 de abril de 2015

“É necessário continuar a luta pelo fim da impunidade dos agentes da ditadura”

Em entrevista ao jornal A Verdade, o sociólogo Edival Nunes Cajá analisa a publicação do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), pela ótica de quem viveu diretamente a luta contra a ditadura militar. Cajá foi preso em Recife, por duas vezes, entre 1978 e 1979, totalizando quase um ano de cárcere, sob a acusação de ser militante do PCR. Sofreu diversas torturas, mas uma grande mobilização social assegurou sua vida e sua posterior libertação. Atualmente, é presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa m coordenador do Comitê pela Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR).
A Verdade –Qual a importância do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV)?
Edival Cajá – O Relatório da CNV é da maior importância para a nossa luta contra a impunidade dos golpistas e torturadores de 1964. Isto não quer dizer que não há defeitos no Relatório. Nele existem várias insuficiências. Primeiro, em função do pouco tempo que teve a CNV, (apenas dois anos para pesquisar e ouvir vítimas e algozes ao longo de um largo período – 1946 a 1988), depois, pelas limitações que remontam à sua origem, como o caráter de classe do governo que lhe deu origem, a sua composição, e ainda devido ao longo tempo entre o cometimento dos crimes e sua instalação. Ainda assim, é tremendamente importante para nós, os sobreviventes das câmaras de tortura da ditadura militar, os familiares dos mortos e desaparecidos políticos e as forças verdadeiramente democratas, pois, trata-se de um verdadeiro libelo acusatório. São provas irrefutáveis dos crimes cometidos por agentes do Estado no decorrer daquele governo fascista, implantado pelo golpe militar de 1964. Sua importância é maior por se tratar de um documento elaborado por um órgão do Estado. É aí que reside a grande diferença entre o Relatório e outros documentos até mesmo mais precisos, com números mais cabalísticos. Porém, agora, é uma peça de autoacusação do Estado, necessitando tão somente da devida responsabilização criminal e penal dos autores materiais e intelectuais para que se ponha fim a esta longa e acintosa impunidade, que é, certamente, uma das principais causas da violência imperante nos dias de hoje na nossa sociedade.

O relatório apresenta 29 recomendações e defende expressamente a punição para agentes do Estado que praticaram, durante a ditadura, graves violações aos direitos humanos, como detenções ilegais, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres. Que outros pontos você destaca no relatório?
Merecem destaque o reconhecimento e a inclusão dos cinco generais ditadores-presidentes (Humberto de Alencar Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo) na lista de 377 agentes públicos e pessoas a serviço do Estado envolvidas em graves violações de direitos humanos, bem como a recomendação de responsabilização das Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica –, “dado o protagonismo da estrutura militar” verificado em toda a cadeia de comando da repressão política no Brasil, partindo do porão da tortura ao gabinete da Presidência da República no período governado pelos generais ditadores.
E por que a CNV chegou a esta gravíssima conclusão? Não havia como fugir desta cristalina constatação, sobretudo, depois de ouvir 1.121 depoimentos, sendo 132 deles de agentes públicos, visitar 20 unidades da federação, 7 unidade militares e locais usados para a prática de tortura, centenas de diligências investigativas, periciar centenas de atestados de óbitos falsos de opositores do governo militar assassinados, de terem descoberto 30 tipos diferentes de práticas de torturas realizadas pelos agentes da ditadura pertencentes ao Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Federal, Militar, Civil, praticadas no interior de diversas unidades da estrutura do Estado ou em casas, fazendas e usinas de grandes empresários cúmplices da ditadura, como a “casa da morte”, em Petrópolis. Ora, depois de estudar a atuação criminosa da repressão política no interior do país e suas ligações com o exterior, se deram conta de documentos que provam a aliança política e ideológica entre os generais ditadores do Brasil com os do Chile, Bolívia, Argentina, Uruguai e Paraguai para formar a organização criminosa denominada “Operação Condor”, com o objetivo de eliminar os notórios opositores das ditaduras militares na América do Sul.

O que os perseguidos pela Ditadura e suas famílias esperam agora da presidenta Dilma?
Como a presidenta Dilma, na sua juventude, também se destacou na luta contra o Estado policial da ditadura militar e enfrentou com altivez o horror do sequestro, da tortura e do encarceramento, só podemos esperar que ela procure viabilizar, com urgência, o cumprimento das recomendações de responsabilização dos perpetradores das inúmeras e gravíssimas violações dos direitos humanos encaminhadas pela CNV. Para isso, basta levar em conta o caráter vinculante das resoluções dos tribunais internacionais dos quais o Brasil é membro, como as resoluções da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condena o governo brasileiro por não punir os torturadores da ditadura no Brasil. Ademais, a CNV também solicitou o fim da prescrição da anistia dos crimes cometidos pelos agentes do Estado, pois, juridicamente, não se pode anistiar quem não foi sequer processado; pelo contrário, eles foram elogiados e condecorados por ter “prestados relevantes serviços” ao Estado. Se não houve nenhuma condenação a eles, como se pode aplicar a eles a lei da anistia?
Assim, só podemos esperar o fim da impunidade dos torturadores, seus julgamentos e prisões, bem como a localização dos restos mortais dos nossos patriotas e verdadeiros heróis da liberdade, da democracia e do socialismo, como Manoel Aleixo, David Capistrano, Maurício Grabois, Paulo Wright, entre outros que, um dia, não muito distante, serão recebidos, com certeza, no mais belo Panteão dos heróis da classe operária do Brasil.


Qual será agora o papel das Comissões Estaduais da Verdade, dos Comitês e da luta pela memória, verdade e justiça?
É grande o papel dos Comitês de luta pelo direito à Memória, à Verdade e à Justiça (CMVJ) e das Comissões da Verdade nos estados e de setores específicos, como Correios, universidades, etc. Podemos citar vários exemplos, como a necessidade de continuar a busca dos desaparecidos políticos, pela criação de um órgão de Estado no lugar da CNV para continuar o trabalho ainda inconcluso de investigação e procedimentos para viabilizar, de fato, a justiça de transição em nosso país. Pela construção e preservação da memória dos nossos heróis tombados pela causa da liberdade e do socialismo. Continuar a luta pela abertura dos arquivos da ditadura ainda de posse das forças armadas, a luta pela revogação da famigerada Lei de Segurança Nacional, extinção da Justiça Militar e seus Tribunais e Auditorias Militares, que ainda funcionam nos dias de hoje, no estilo de tribunais de guerra e todo um caríssimo aparato de funcionários e logística, sem ter nenhuma função que não possa ser cumprida pelo sistema judiciário brasileiro. Desmilitarização das polícias militares estaduais, pois, trata-se de uma maldita herança da ditadura militar, que atribuiu às polícias militares um caráter militar próprio de força de combate para a guerra, bem como a sua vinculação às Forças Armadas e isto tudo agrava o seu caráter violento. Os Comitês e Comissões da Verdade devem continuar a luta pelo fim da repressão às manifestações reivindicatórias dos movimentos sociais populares, sua criminalização e perseguição; pelo fim da tortura aos presos comuns nas delegacias da periferia, presídios e instalações militares (e isto se deve à impunidade dos torturadores da ditadura). Por fim, devemos articular a realização de debates e seminários nos sindicatos, escolas e universidades para conquistar a consciência da classe trabalhadora e da juventude para alcançarmos estes sagrados objetivos.
Fonte: Jornal A Verdade

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ato relembra Golpe Militar e Defende Democracia

Um ato simbólico reuniu movimentos sociais, nesta quarta-feira (1º), na Praça Padre Henrique, na Rua da Aurora. Os militantes fizeram um resgate da história do Brasil e defenderam o aprofundamento da democracia no País, relembrando o Golpe Civil-Militar de 1964, ocorrido há 51 anos. O ato, realizado há quase duas décadas, já virou tradição no local, que também é considerado um sítio de memória. Na ocasião, os presentes homenagearam as vítimas da ditadura depositando rosas vermelhas nas placas situadas no local.
Para o presidente do Comitê Memória Verdade e Justiça de Pernambuco (CMVJ-PE), Anacleto Julião, o ato simboliza a luta daqueles que deram tudo de si contra a ditadura militar. “E vivendo um momento como o de hoje, nós não poderíamos deixar de manter esse simbolismo e de resgatar a história de luta de nossos companheiros”, afirmou.
Segundo ele, também é de fundamental importância o resgate da memória porque as gerações posteriores ao golpe ainda não tiveram acesso às informações sobre sua própria história. “E um País que não tem uma história passada no seu povo não pode construir uma democracia sólida hoje e fazer as modificações necessárias ao País”, continuou. Ele também reforçou que é preciso fortalecer os conselhos de direito e organizações populares.
Anacleto Julião também avaliou que a imprensa tem importância nesse processo, pois divulga o “fato de que existe essa memória viva” e que, por outro lado, “está levantando a bola de alguns ignorantes, saudosistas de um tempo do qual ninguém nesse País deveria ter saudade”, se referindo às recentes manifestações que pedem a volta do regime no Brasil.
O coordenador executivo do Gajop, Rodrigo Deodato, declarou que o ato simbólico representa a necessidade de manutenção de uma memória histórica e uma luta contínua de todas as instituições e do Comitê de Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco em busca da efetivação do direito à Justiça estabelecida a partir da luta pela reinterpretação da Lei da Anistia, para que os violadores dos direitos humanos venham a ser responsabilizados pelos atos que tenham cometido. “O ato é simbólico, mas a luta ela é mais do que concreta e constante para todas e todos que acreditam na necessidade da construção de um real e efetivo Estado democrático de direito”, disse.
O presidente do Centro Cultura Manoel Lisboa, Edival Cajá, relembrou que o Brasil tem cerca de cinco mil exilados, além de 62 mil presos políticos identificados oficialmente. De acordo com Cajá, os crimes cometidos são vigentes, atuais, e enquanto não forem devolvidos aos seus familiares, o comitê tem o direito de considerar esse ato como atual. “São atos que não são prescritíveis por serem crimes de lesa-humanidade. Não tem prazo, enquanto não forem apurados os descendentes têm que ser informados”, afirmou.
No ato, ele também criticou a demora na instalação da Comissão da Verdade nacional, que deveria ter sido feita logo após 1985, e defendeu a ampliação da democracia. “Então, reivindicar hoje essa bandeira manchada de sangue, que é a volta da ditadura, devia ser considerado, além de ser um assinto, uma provocação a nós e aos nossos familiares, era para ser considerado crime, tipificado como crime”, declarou. Ele, no entanto, não acredita que esse movimento de volta do regime se fortaleça, pois defende que os problemas do Brasil só serão resolvidos ampliando a democracia.
Já a presidente do Mirim Brasil, Sylvia Siqueira Campos, afirmou que o ato serviu para a prática do resgate da história e que o grupo está todo ano no sentido de dar oportunidade às novas gerações para que conheçam mais da história do Brasil para que ela não se repita.
No ato, estiveram presentes também representantes do Sindicato dos Operadores de Telemarketing de Pernambuco, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil de Pernambuco, da Associação Recifense de Estudantes Secundaristas, da UESPE, UEP e do Partido Social Democrático Sueco, além do Grêmio Estudantil Manoel Lisboa.

Durante o ato, também foram lembradas as mortes de Ivan Aguiar e Jonas Albuquerque, que completam, nesta quarta, 51 anos. Eles foram os primeiros mortos pelo regime.
Texto: Branca Alves, Fotos: Bruno Campos/Folha de Pernambuco.