quarta-feira, 30 de abril de 2014

Secretaria da Educação do Estado da Bahia - Projeto Ditadura Militar - Direito à Memória

Assista os depoimentos
Dentro das atividades relacionadas ao projeto Ditadura Militar – Direito à Memória: 50 anos do golpe de 1964, desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Secretaria de Cultura, a TVE está exibindo, no intervalo de sua programação, vídeos curtos de um minuto, protagonizados por personalidades que têm uma história de luta contra o regime militar. Os interprogramas também estão disponíveis no Portal da Educação.

Entre os entrevistados dos interprogramas da TVE, está o economista e professor Paulo Pontes, ex-preso político e atual chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado. Outros nomes, como Sérgio Guerra, Oldack Miranda, Haroldo Lima, Emiliano José e Carlos Marighella Jr. também gravaram seus depoimentos.
Acesse o portal multimídia do projeto

Para o diretor de programação e conteúdo da TVE, o cineasta baiano José Araripe Jr., responsável pelo projeto de gravação dos vídeos, a emissora pública, com esse projeto, cumpre o seu papel de promover uma interface com a cultura e a educação. “Ter abraçado essa iniciativa da Secretaria da Educação e formatá-lo para a TV e para a Internet é, sem dúvida, algo bem gratificante, pois fecha um ciclo fundamental de interesse público: conhecer para não esquecer que a ditadura provocou muitos danos. Infelizmente, temos que relembrar para que estejamos sempre vigilantes”, declarou.

Como criador e cineasta, ao conceber o formato de interprograma e ir buscar no mercado o melhor perfil para realizá-lo – no caso, pelas mãos do diretor Geraldo Moraes –, Araripe Jr. se diz gratificado. “Ao darmos voz a esses personagens esquecidos, estamos fazendo história e permitindo às gerações mais jovens, principalmente os estudantes, que conheçam mais o País e que zelem pela democracia”.

Documentário: Filhos do Golpe

O Diário de Pernambuco lançou o especial online Filhos do Golpe, um webdocumentário composto por dez vídeos de caráter testemunhal em que filhos de políticos, militantes da esquerda e da direita, de desaparecidos e perseguidos pelo regime e de um militar que atuou na época da ditadura contam como viram e sentiram aquele período de trubulência.
Em depoimentos gravados em Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, doze filhos fazem
Assista aos depoimentos
confidências sobre si, os pais, a vida doméstica. Relatam o impacto do golpe nas relações individuais e familiares dos Arraes, Freire, Capistrano, Julião, Régis, Rolemberg, Vilarinho, Soares, Cruz, Silveira, Bastos e Santa Cruz. Revelam fragmentos de um passado e de um presente de Pernambuco durante o governo militar (1964/1985). São filhos de presos políticos, de desaparecidos, mortos, militantes da esquerda, governantes depostos dos seus cargos, de um civil morto e de um militar. Eles descrevem nos vídeos ao lado sentimentos em torno da ditadura que se instaurou no Brasil há apenas 50 anos, e de cujas repercussões ainda não se dimensiona.

É a dor da ausência paterna acalantada por uma gravação de voz em fita cassete. É o menino de cinco anos que, de tanto esperar um reencontro, duvida se a imagem do homem vista à distância é a do seu pai. É a história ignorada pelos livros didáticos, subestimada pelas Comissões da Verdade estaduais. E pela imprensa. É o Golpe Militar de 1964 no Brasil pelo viés dos filhos. Testemunhos pessoais, documentos orais de bastidores do antes, durante e depois do dia 31 de março de 50 anos atrás.

É a narrativa do filho que guarda cobertores usados pelo pai durante anos de prisão; do outro que chora ao lembrar o momento em que avistou o irmão levantar um lençol encharcado de sangue e viu o pai, morto. Do filho que ri ao lembrar que omitia a profissão do pai; do que crê ter apagado parte da lembrança para se poupar. É a memória de um coletivo que pouco se ouve.
por Silvia Bessa e Juliana Colares

domingo, 27 de abril de 2014

Nota da Comissão Estadual da Verdade de São Paulo "Rubens Paiva" sobre o assassinato do Coronel Paulo Malhães

A Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva” vem a público manifestar sua surpresa e preocupação com o assassinato do ex-coronel do Exército Paulo Malhães.
Segundo noticiado pela imprensa, seu corpo foi encontrado em sua residência na zona rural de Nova Iguaçu (RJ) e a polícia está considerando a hipótese de asfixia pelas circunstâncias do crime.
De acordo com o relato da viúva de Malhães, Cristina, e de sua filha, Carla, que se encontravam na residência, três pessoas ali adentraram e mantiveram o ex-coronel preso das 13h às 22h desta quinta-feira.
Há um mês, no dia 25 de março, o militar da reserva, que participou diretamente dos órgãos repressivos da ditadura, prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade revelando detalhes importantes sobre a execução sumária e a ocultação do cadáver de ex-deputado Rubens Paiva, além de outras informações sobre o funcionamento da chamada “Casa de Morte” de Petrópolis. As circunstâncias em que ocorreu o assassinato de Paulo Malhães, no interior de sua própria residência, sem que nada tenha sido subtraído e na presença de seus familiares, indicam a necessidade de uma apuração rigorosa e célere dos fatos para que se desvende, o mais rápido possível, a motivação desse crime.
São Paulo, 25 de abril de 2014.
Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”
Deputado Estadual Adriano Diogo - Presidente

sábado, 26 de abril de 2014

Atentado no Riocentro - Audiência Pública

A Comissão Nacional da Verdade apresenta na próxima terça-feira, 29 de abril, em audiência pública no auditório do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, relatório preliminar de pesquisa sobre o atentado no Riocentro, ocorrido em 30 de abril de 1981, promovido por militares inconformados com os rumos da abertura política que vinha sendo promovida no país desde o final da década de 1970. O atentado no Riocentro não foi o único nesse período. Mais de 40 atentados a bomba foram realizados por grupos de extrema direita no Brasil entre setembro de 1979 e abril de 1981.
O objetivo do atentado era explodir bombas para causar pânico e mortes na população civil presente
no Riocentro em 30 de abril de 1981, onde ocorria show de música popular brasileira, organizado por artistas e sindicatos em comemoração ao dia do trabalhador (1º de maio), e atribuir a responsabilidade pelo atentado a grupos armados de oposição à ditadura. Entretanto, uma das bombas trazidas pelo chefe da seção de operações do DOI do I Exército, capitão Wilson Machado, e pelo sargento Guilherme Pereira do Rosário, explodiu no interior do Puma de Machado, ferindo gravemente o primeiro e matando o segundo na hora.
Parte da apresentação da CNV se baseia em documentos encontrados na residência do ex-chefe do DOI do Rio de Janeiro, coronel Júlio Miguel Molinas Dias, assassinado em 2012, em Porto Alegre. Os documentos foram apreendidos pela polícia civil gaúcha e a Comissão Nacional da Verdade recebeu cópia do acervo, em novembro de 2012, do governo do Rio Grande do Sul.
O material apreendido na casa de Molinas e entregue à CNV foi analisado pelo ex-membro da CNV Cláudio Fonteles, que produziu e divulgou um texto a respeito em maio de 2013. Acesse no link: http://www.cnv.gov.br/images/pdf/publicacoes/claudio/Atentado_Riocentro.pdf
Os documentos de Molinas sobre o caso Riocentro trazem anotações detalhadas sobre as atividades que ele, como comandante do DOI do Rio, desempenhou logo após o atentado. Na capa da documentação, Molinas informa que o relatório produzido por ele foi entregue ao coronel Leo Frederico Cinelli, chefe do serviço de informações do Estado Maior do 1º Exército, em 8 de maio de 1981, nove dias após a explosão da bomba.
A apuração da CNV também se baseia em outros processos que apuraram o caso, como dois Inquéritos Policiais Militares, realizados em 1981 e 1999, além de documentos produzidos pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados em 1996 e depoimentos colhidos pelo Ministério Público Federal.
Agentes públicos foram convocados e testemunhas foram convidadas para prestar depoimento durante a audiência.
O relatório preliminar de pesquisa sobre o caso Riocentro é o sexto que a CNV divulga desde 18 de fevereiro deste ano. Os cinco primeiros abordaram os seguintes temas: Centros de Tortura em instalações militares, Caso Rubens Paiva, Casa da Morte de Petrópolis, Centros Clandestinos de Tortura e Caso JK. Acesse a íntegra dos relatórios já divulgados e os documentos relacionados em: http://www.cnv.gov.br/index.php/relatorios-parciais-de-pesquisa
SERVIÇO
O quê: Audiência pública para apresentação de relatório preliminar sobre caso Riocentro
Quando: 29 de abril de 2014, terça-feira
Horário: 09h30
Local: Auditório do Arquivo Nacional, Praça da República, 173 – Centro, Rio de Janeiro
Transmissão ao vivowww.cnv.gov.br/aovivo
 
Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação

Nota da Comissão da Verdade do Rio sobre o assassinato do Coronel Paulo Malhães

Tudo indica que o assassinato do coronel Paulo Malhães, torturador e assassino confesso de presos políticos durante a ditadura, não foi um mero crime comum. Recentemente Malhães tinha dado depoimentos à Comissão da Verdade do Rio, confessando alguns de seus crimes e, inclusive, detalhando procedimentos usados para fazer desaparecer os corpos de presos políticos.

As circunstâncias de sua morte apontam para uma queima de arquivo e uma tentativa de intimidação de outros agentes do aparelho repressivo do regime militar que, porventura, estivessem também dispostos a prestar depoimentos sobre os anos de chumbo.

Por isso, consideramos essencial que a investigação do assassinato conte com a participação da Polícia Federal.

Ao mesmo tempo, esse crime mostra, mais uma vez, a necessidade imperiosa de que sejam abertos os arquivos militares da repressão política e esclarecidos os crimes cometidos nos porões da ditadura. Só assim poderemos virar essa página e consolidar a democracia em nosso país.
Wadih Damous
Presidente da Comissão da Verdade do Rio

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Apague o ditador da Sua Escola

Algumas organizações, como o Levante Popular da Juventude e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), lançaram, concomitantemente, uma campanha para mudar nomes de escolas que homenageiam colaboradores do regime militar.
De acordo com o Inep, 976 escolas públicas têm nomes de presidentes daquele período da história brasileira.
A campanha do Levante "Apague o ditador da sua escola" inclui um amplo movimento de mudança de nomes de escolas que homenageiam agentes patrocinadores do Golpe e os ditadores de plantão.
A ideia é propor projetos de iniciativa popular às Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores, após a realização de amplo debate com a comunidade escolar, a fim de legitimar o pleito.
O site criado pela CNTE ditaduranuncamais.cnte.org.br ajuda a explicar como propor a mudança, incentivando a sociedade a rever as homenagens prestadas aos apoiadores e colaboradores do regime militar. (fonte: página do MST)

Para apoiar a campanha, assine a petição on-line no site da Avaaz .org


Acesse este link para baixar a cartilha da Campanha

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Calendário Geral de Mobilizações Nacionais e Internacionais 50 anos do golpe

Lançado blog que relaciona o Calendário Geral de Mobilizações Nacionais e Internacionais - 50 anos do golpe militar.
Clique para visitar o blog

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Guia histórico de locais de luta democrática no Recife

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A Prefeitura do Recife disponibilizou, desde dezembro de 2012,  a versão online do livro Recife Lugar de Memória, de autoria dos escritores Plínio Santos Filho, Malthus Oliveira de Queiroz e Sidney Rocha. Além de ser um guia turístico de visitação de lugares de memória, é também um documento histórico que contém todos os roteiros que nos levam aos lugares onde os pernambucanos resistiram e lutaram pela liberdade democrática.

O material une conhecimento geográfico e histórico ao interesse pelo turismo, trazendo informações sobre pontos turísticos e citando fatos e aspectos relevantes dos lugares visitados, sempre focando em quatro rotas históricas. ”O guia é voltado para um público mais específico, que tem um olhar sobre a história. Nós estamos inseridos no conceito da Coalizão Internacional de Sítios de Consciência, e também preservamos a tese ‘Para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça’, que adotam os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade”, completou a secretária.

Para a secretária da pasta, Amparo Araújo, um povo sem memória não tem identidade. Por isso, a gestão do prefeito João da Costa deixa para a cidade um recorte da história de repressão vivida no Estado. ”Não podemos analisar a história contemporânea sem ter um olhar para o passado. O roteiro do livro foi dividido em ciclos com o objetivo de traçar essa linha do tempo, abordando a época do açúcar, da invasão dos holandeses, das revoluções de 1817 e 1824 e da ditadura militar, até chegar aos dias atuais”, explica a secretária.

De acordo com um dos escritores de Recife Lugar de Memória, Plínio Santos Filho, a cidade do Recife serve como cenário e seus monumentos, ruas e personagens ditam a sequência do livro. ”É uma obra que exigiu muito esforço, porque tivemos que reunir documentos e fotos de cada local, contemplando a história do Recife desde a sua fundação, passando pelos vários eventos históricos que aconteceram”, destaca.

A publicação é resultado de uma parceria entre a PCR, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã (SDHSC), e o Ministério da Justiça, que financiou o projeto. Além da versão online, o livro também será apresentado no formato impresso e distribuído posteriormente pela SDHSC. ”A princípio nós disponibilizamos apenas a versão online, porque com o surgimento de novos locais de memória que ainda não foram identificados, eles serão devidamente incluídos e a leitura será atualizada. (fonte: site da Prefeitura da Cidade do Recife)

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Ato Público em Memória dos Deputados Cassados pela ditadura

Deputados Federais cassados
em 10 de abril de 1964

1. Abelardo Jurema (PSD-PB)
2. Adahil Cavalcanti (PTB-CE)
3. Almino Afonso (PTB-AM)
4. Arthur Lima Cavalcanti (PTB-PE)
5. Benedito Cerqueira (PTB-GB)
6. Bocayuva Cunha (PTB-RJ)
7. Costa Rego (PTB-PE)
8. Demistóclides Batista (PST – RJ)
9. Eloy Dutra (PTB-GB)
10. Fernando Santanna (PSD-BA)
11. Ferro Costa (UDN-PA)
12. Francisco Julião (PSB-PE)
13. Garcia Filho (PTB-GB)
14. Gilberto Mestrinho (PTB-RR)
15. Hélio Ramos (PSD-BA)
16. Henrique Oest (PSP-AL)
17. João Dória (PDC-BA)
18. José Aparecido (UDN-MG)
19. Lamartine Távora (PTB-PE)
20. Leonel Brizola (PTB-GB)
21. Marco Antonio (PST-GB)
22. Mario Lima (PSB-BA)
23. Max da Costa Santos (PSB-GB)
24. Milton Dutra (PTB-RS)
25. Moysés Lupion (PSD-PR)
26. Neiva Moreira (PSP-MA)
27. Océlio de Medeiros (PSD-PA)
28. Ortiz Borges (PTB-RS)
29. Paiva Muniz (PTB-RJ)
30. Paulo Mincarone (PTB-RS)
31. Paulo de Tarso (PDC-SP)
32. Pereira Nunes (PSP-RJ)
33. Plínio Arruda Sampaio (PDC-SP)
34. Ramon Oliveira Neto (PTB-ES)
35. Rogê Ferreira (PTB-SP)
36. Roland Corbisier (PTB-GB)
37. Rubens Paiva (PTB-SP)
38. Sérgio Magalhães (PTB-GB)
39. Sylvio Macambira Braga (PSP-PA)
40. Temperani Pereira (PTB-RS)
41. Waldemar Alves (PST-PE)

A Câmara dos Deputados realizou em 10/04/2014 um ato público em homenagem aos 41 deputados cassados há 50 anos pela ditadura militar. Eles perderam seus mandatos, em 10 de abril de 1964, por força do ato institucional nºs 1.
A presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), lembrou que, naquela época, havia 409 deputados. Ou seja, em um único dia, os militares destituíram 10% dos representantes eleitos pelo povo.
"A gente queria marcar na memória da Casa e da sociedade, esse fato marcante que foi a violação a essa instituição com a cassação de tantos mandatos populares e que é uma violação à soberania popular, porque nós não estamos aqui por nós mesmos, nós estamos representando aqueles que nos mandaram pra cá."
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também destacou que é "preciso manter viva na memória das gerações mais novas os atos cometidos durante o regime militar para que isso não volte a acontecer no Brasil."
O deputado Assis do Couto (PT-PR), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, ao citar a importância da data, avaliou que “os primeiros atos depois do golpe trataram de cassar mandatos de representação popular, e isso não ocorreu por acaso”.
A integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos Iara Xavier participou do evento e reiterou a posição da comissão de que é preciso solucionar todos os casos de desaparecimento e morte durante o período da ditadura militar, que durou 21 anos.
"Essa luta não vai acabar neste mês, não vai acabar neste ano. Ela vai permanecer até o esclarecimento total dos nossos mortos e desaparecidos, até que eles sejam responsabilizados criminalmente e penalmente pelos crimes praticados. Entendemos que a sociedade tem que se organizar."
Ao todo, 173 parlamentares foram cassados durante o regime militar. O ato público foi organizado pela Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, que é ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A homenagem aos deputados federais atingidos pelos primeiros atos do regime de exceção se insere nos eventos alusivos ao Ano Nacional da Memória, Verdade e Justiça, proclamado em ato assinado pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves.

As cassações de direitos políticos promovidas pela ditadura, em 10 de abril de 1964, não se limitaram aos 41 deputados, mais 62 brasileiros (presidente, ex-presidentes, governadores, militares, líderes sindicais, jornalistas, embaixadores, intelectuais),  também foram atingidos por esse ato de força. 

Veja a seguir a relação:

1. Luiz Carlos Prestes
2. João Belchior Marques Goulart
3. Janio da Silva Quadros
4. Miguel Arrais de Alencar
5. Darci Ribeiro
6. Raul Riff
7. Waldir Pires
8. Gen. R/1 Luiz Gonzaga de Oliveira Leite
9. Gen. R/1 Sampson da Nobrega Sampaio
10. Clodsmith Riani
11. Clodomir Moraes
12. Hercules Correa dos Reis
13. Dante Pelacani
14. Oswaldo Pacheco da Silva
15. Samuel Wainer
16. Santos Vahlis
17. Lincoln Cordeiro Oest
18. Heber Maranhão
19. José Campelo Filho
20. Desembargador Osm Duarte Pereira
21. Ministro José de Aguiar Dias
22. Francisco Mangabeira
23. Jesus Soares Pereira
24. Hugo Regis dos Reis
25. Jairo José Farias
26. José Jofily
27. Celso Furtado
28. Marechal R/1 Osvino Ferreir Alves
29. Josué de Castro
30. João Pinheiro Neto
31. Djalma Maranhão
32. Huberto Menezes Pinheiro
33. Ubaldino Santos
34. Raphael Martinelli
35. Raimundo Castelo de Souza
36. Rubens Pinho Teixeira
37. Felipe Ramos Rodrigues
38. Alvaro Ventura
39. Antonio Pereira Netto
40. João Batista Gomes
41. Ademar Latrilha
42. Feliciano Honorato Wanderley
43. Othon Canedo Lopes
44. Paulo de Santana
45. Luiz Hugo Guimarães
46. Luiz Viegas da Mota Lima
47. Severino Schnaipp
48. Meçando Rachid
49. Newton Oliveira
50. Roberto Morena
51. Benedicto Cerqueira
52. Humberto Melo Bastos
53. Hermes Caíres de Brito
54. Aluisio Palhano Pedreira Ferreira
55. Salvador Romano Lossaco
56. Olympio Fernandes de Mello
57. Waldir Gomes dos Santos
58. Amauri Silva
59. Pelopidas Silveira
60. Barros Barreto
61. Helio Vitor Ramos
62. José Anselmo dos Santos 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Entrevista com o Deputado Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade Rubens Paiva de SP


 
O programa Contraponto entrevista o Deputado Adriano Diogo .
Em debate os 50 anos do golpe militar e as investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e de dezenas de instituições parceiras, como as comissões estaduais e municipais criadas nos últimos dois anos.
Contraponto – O programa é uma parceria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
fonte: Blog do Miro

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ato em Homenagem à Resistência e Luta pela Democracia

Ato na no Tuca, teatro da PUC-SP, lembrou os cinquenta anos do golpe militar de 1964 com música, poesia e denúncias. Organizado por uma ampla variedade de entidades.

Paulo Abrão, secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia, ao iniciar o evento fez uma espécie de testamento político sobre o significado trágico do período em que o Brasil foi governo pelo arbítrio e a violência. Segundo ele, o ato era para demarcar os valores e posições em torno de uma batalha que tem sido difícil, demorada, mas vitoriosa. Não só porque algumas conquistas democráticas estão sendo implementadas, mas fundamentalmente porque os atos em torno da verdade, da memória e da justiça sobre os crimes do passado em todo o Brasil têm reunido amplos segmentos da juventude.

Para Paulo Abrão, é preciso dizer com voz ativa que a sociedade brasileira não aceita, em nenhuma hipótese, a tomada do poder com uso da força das armas, a ruptura institucional. Segundo ele, o Brasil está vencendo o negocianismo, o medo de discutir o passado, porque hoje é muito mais difícil sustentar teses de que a torturas não existiu e negar que o Estado criou deliberadamente um aparato sistemático de destruição de vidas. “Essas estruturas foram engendradas por dentro das administrações, com dinheiro do povo, como centros de torturas”, afirmou.

Segundo ele, a ditadura matou desde o seu primeiro dia. Assassinou no Rio de Janeiro e no Recife no primeiro dia do golpe. Prendeu, torturou e abusou dos direitos de milhares de militares que disseram não, que não aceitaram serem instrumentalizados para instaurar um regime ditatorial. Prendeu sindicalistas, caçou mandatos políticos, desde o seu primeiro instante. “A sociedade brasileira resistiu porque ela tinha o legítimo direito de resistir. E agora vamos disputar esse novo caráter nacional. Porque falar de memória e instituir a disputa política é dizer que a historia não é mais contada pelo viés, pelo olhar dos vencedores de então”, destacou.

Paulo Abrão disse que por meio dessa grande processo de mobilização cultural virá à tona questão que ainda não foram resolvidas. Ele lembrou que seguimentos das elites políticas e econômicas até pouco tempo atrás diziam ser um erro levantar esses temas ou discutir esses assuntos, pois causaria instabilidade democrática. “Estamos dizendo que não, que é o contrário, que não é possível olhar para o futuro sem reconhecer cada erro do passado. Isso é construir uma nova a ética social. Isso é construir uma nova cultura nas nossas relações. A cultura da transparência, da verdade e da memória. Uma luta contra a cultura do jeitinho, dos favores, da ausência de justiça social”, asseverou.

Essas iniciativas, de acordo com Paulo Abrão, estão criando um grande movimento nacional para gerar uma consciência critica no povo brasileiro em favor da democracia, dos direitos humanos, “pois não existe democracia sem um profundo respeito a todos os direitos humanos, na sua completude”. “É por isso que estamos inaugurando monumentos ao ‘nunca mais’”, destacou, enfatizando que no Rio de Janeiro um deles foi erigido em frente ao Clube Militar e dedicado aos militares cassados por seus pares. “Porque a dignidade desses militares esquecidos é também o exemplo que queremos que contamine os militares do presente, aqueles que hoje estão dentro das Forças Armadas, para que nunca atentem contra o seu povo, para que nunca instrumentalizem uma instituição tão cara para o Estado e a democracia para fins de realização de intempéries pessoais”, afirmou.

Assista o Ato na íntegra



Paulo Abrão disse ainda que falta gerar um ambiente para consolidar a força do “nunca mais” como um valor da democracia. “Hoje são muitos os jovens que têm uma crítica muito forte ao excesso de pragmatismo político. Eles têm razão. Mas temos a responsabilidade de não permitir que essa crítica ao pragmatismo político se transforme em ceticismo com a política. Porque o que a ditadura quis fazer era isso. Ela criminalizou a vida política, a política, a participação popular, a liberdade de pensamento, a organização social. Não podemos ter descrença com a política como a forma de organização da nossa vida social. Se não concorda com os políticos que hoje estão aí, se candidatem, participem, filiem-se aos partidos políticos. Se não concordam com partidos que estão aí, organizem-se, Fundem novas organizações partidárias”, asseverou.

Mesmo as discordâncias com o sistema, disse, precisam ser tratadas no âmbito da política. “Organizem-se. Lutem apara alterá-lo! Mas em nenhuma hipótese deixemos que a vitória da ditadura, na sua cultura autoritária projetada para frente, seja dada com a descrença dos jovens na política.

Após a inauguração do monumento ao “nunca mais” em frente ao Tuca — um dos 16 que serão instalados ao longo do ano, um projeto da Comissão de Anistia em parceria com o Instituto Alice —, começou o ato no teatro, apresentado pelo ator o Sérgio Mamberti simbolizando uma homenagem a todos os artistas vítimas da ditadura. O auditório do teatro que foi criminosamente incendiado nos tempos da ditadura, e que em 1978 o 1º abrigou o 1º Congresso Nacional pela Anistia, estava repleto. No palco, se apresentaram antigos frequentadores, como o poeta Thiago de Mello — recebido de pé pela plateia — e o músico Sérgio Ricardo — nos anos 1970 eles participaram do show “Faz Escuro Mas Eu Canto”, o mesmo título de um livro de Thiago de Mello.

Algum tempo depois, Thiago de Mello, ainda na atividade diplomática, recebeu um malote com os jornais e viu na primeira página do Correio da Manhã a figura do líder comunista Gregório Bezerra descalço, só de calção, “o peito todo lanhado, o sangue ainda escorrendo, puxado por uma corda". "Este não é meu pais", afirmou. Duas semanas depois veria, também no Correio da Manhã, a imagem de outro comunista, Astrojildo Pereira, "apaixonado pela obra de Machado de Assis". "Tomei sozinho a decisão de renunciar ao meu posto", lamentou. Thiago de Mello disse ainda que ao tomar conhecimento do Ato Institucional número 1, o primeiro da ditadura militar, escreve o famoso poema “Os Estatutos do Homem”.

O Coro Luther King interpretou “Viola Enluarada”, de Marcos Valle — segundo Mamberti, o verso “O mesmo pé que dança o samba se for preciso vai lutar” expressa “a índole do povo brasileiro" — “Bella Ciao”, hino de resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial, “O Bêbado e a Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc”, e “A Internacional”. Sérgio Ricardo também cantou “Perseguição” e “O Sertão vai Virar Mar”, trilhas do filme “Deus o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha.

Na tribuna, João Alexandre Goulart, neto do presidente deposto pelos golpistas em 1964 João Goulart, destacou a ausência nos livros de história de informações exatas sobre o avô. "O silêncio da morte foi a versão oficial do governo", disse ele, ressaltando também a omissão sobre a participação norte-americana no golpe e as campanhas do complexo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)/Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), uma poderosa organização de empresários ligados ao capital multinacional, nas conspirações que levaram ao golpe. "Em que página (dos livros de história) estava a Operação Brother Sam?", indagou, referindo-se à participação dos Estados Unidos na trama golpista.

Maria Rita Kehl, da Comissão Nacional da Verdade, disse que uma das justificativas para o golpe é totalmente inconsistente: a de que a ditadura foi um mal necessário “para evitar que o Brasil se tornasse uma Cuba”. "O golpe implantou uma ditadura de 21 anos para evitar que aqui virasse uma ditadura? Tem alguma coisa errada aí. Inconscientemente, eles se denunciam", afirmou. "O que eles vieram evitar foi o que eles fizeram." Ela comentou ainda o carimbo de “comunista” que a direita espalhou sobre João Goulart. "O projeto de Jango não era do comunismo radical, mas de reformas. E estamos atrasados até hoje. Na verdade, eles vieram para evitar a distribuição de renda, de terra, dos meios de produção."

Falaram ainda os representantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) — leia a íntegra aqui —, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), do Partido dos Trabalhadores (PT), da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Arquidiocese de São Paulo (representando Dom Paulo Evaristo Arns) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

A atividade foi uma iniciativa de diversas entidades e organizações políticas, entre elas as fundações Maurício Grabóis, Perseu Abramo e Getúlio Vargas; os partidos PCdoB e PT; as centrais sindicais CTB e CUT; as entidades juvenis UNE, UBES e UJS; a UBM, o MST, a Conam e a OAB. Integram também a organização da atividade a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva e a Comissão da Verdade da PUC-SP – Reitora Nadir Gouvêa Kfouri.
Fonte: texto de Osvaldo Bertolino no site da Fundação Maurício Grabois

terça-feira, 1 de abril de 2014

Caminhada pela Verdade, Florianópolis

 
Caminhada em repúdio ao golpe civil-militar de 1964, promovida por diversos grupos de esquerda, em primeiro de abril de 2014, em Florianópolis