quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ato relembra Golpe Militar e Defende Democracia

Um ato simbólico reuniu movimentos sociais, nesta quarta-feira (1º), na Praça Padre Henrique, na Rua da Aurora. Os militantes fizeram um resgate da história do Brasil e defenderam o aprofundamento da democracia no País, relembrando o Golpe Civil-Militar de 1964, ocorrido há 51 anos. O ato, realizado há quase duas décadas, já virou tradição no local, que também é considerado um sítio de memória. Na ocasião, os presentes homenagearam as vítimas da ditadura depositando rosas vermelhas nas placas situadas no local.
Para o presidente do Comitê Memória Verdade e Justiça de Pernambuco (CMVJ-PE), Anacleto Julião, o ato simboliza a luta daqueles que deram tudo de si contra a ditadura militar. “E vivendo um momento como o de hoje, nós não poderíamos deixar de manter esse simbolismo e de resgatar a história de luta de nossos companheiros”, afirmou.
Segundo ele, também é de fundamental importância o resgate da memória porque as gerações posteriores ao golpe ainda não tiveram acesso às informações sobre sua própria história. “E um País que não tem uma história passada no seu povo não pode construir uma democracia sólida hoje e fazer as modificações necessárias ao País”, continuou. Ele também reforçou que é preciso fortalecer os conselhos de direito e organizações populares.
Anacleto Julião também avaliou que a imprensa tem importância nesse processo, pois divulga o “fato de que existe essa memória viva” e que, por outro lado, “está levantando a bola de alguns ignorantes, saudosistas de um tempo do qual ninguém nesse País deveria ter saudade”, se referindo às recentes manifestações que pedem a volta do regime no Brasil.
O coordenador executivo do Gajop, Rodrigo Deodato, declarou que o ato simbólico representa a necessidade de manutenção de uma memória histórica e uma luta contínua de todas as instituições e do Comitê de Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco em busca da efetivação do direito à Justiça estabelecida a partir da luta pela reinterpretação da Lei da Anistia, para que os violadores dos direitos humanos venham a ser responsabilizados pelos atos que tenham cometido. “O ato é simbólico, mas a luta ela é mais do que concreta e constante para todas e todos que acreditam na necessidade da construção de um real e efetivo Estado democrático de direito”, disse.
O presidente do Centro Cultura Manoel Lisboa, Edival Cajá, relembrou que o Brasil tem cerca de cinco mil exilados, além de 62 mil presos políticos identificados oficialmente. De acordo com Cajá, os crimes cometidos são vigentes, atuais, e enquanto não forem devolvidos aos seus familiares, o comitê tem o direito de considerar esse ato como atual. “São atos que não são prescritíveis por serem crimes de lesa-humanidade. Não tem prazo, enquanto não forem apurados os descendentes têm que ser informados”, afirmou.
No ato, ele também criticou a demora na instalação da Comissão da Verdade nacional, que deveria ter sido feita logo após 1985, e defendeu a ampliação da democracia. “Então, reivindicar hoje essa bandeira manchada de sangue, que é a volta da ditadura, devia ser considerado, além de ser um assinto, uma provocação a nós e aos nossos familiares, era para ser considerado crime, tipificado como crime”, declarou. Ele, no entanto, não acredita que esse movimento de volta do regime se fortaleça, pois defende que os problemas do Brasil só serão resolvidos ampliando a democracia.
Já a presidente do Mirim Brasil, Sylvia Siqueira Campos, afirmou que o ato serviu para a prática do resgate da história e que o grupo está todo ano no sentido de dar oportunidade às novas gerações para que conheçam mais da história do Brasil para que ela não se repita.
No ato, estiveram presentes também representantes do Sindicato dos Operadores de Telemarketing de Pernambuco, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil de Pernambuco, da Associação Recifense de Estudantes Secundaristas, da UESPE, UEP e do Partido Social Democrático Sueco, além do Grêmio Estudantil Manoel Lisboa.

Durante o ato, também foram lembradas as mortes de Ivan Aguiar e Jonas Albuquerque, que completam, nesta quarta, 51 anos. Eles foram os primeiros mortos pelo regime.
Texto: Branca Alves, Fotos: Bruno Campos/Folha de Pernambuco.

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